Adeus

Essa era a hora...
Não havia mais como voltar atrás na sua decisão.
Estava cansado de tudo aquilo...
[Mas afinal o que era o seu tudo?
A sua família? Seus amigos? O curso que não o satisfazia?]
Sabia que estava sendo egoísta...
[Talvez essa fosse a primeira vez em que o fosse...]
Ele sempre pensava nos outros...ele sempre se preocupava mais com os outros...
Mas quem se preocupava com ele?
[Ele sabia que alguns se importavam... de verdade...]
Não... Eles não iriam entender...
Logo ele... o palhaço da turma, aquele que animava os mais “depressivos”, aquele que sempre tinha a ironia, a piada sem graça pra quebrar o gelo...
[Mas por mais que falasse, não dizia muito...
E só alguns poucos percebiam...]
Alegre? Apenas uma máscara talvez... Não tinha nada de fortaleza...
O vazio que sentia era inexplicável...
Quantas noites chorou procurando um sentido pra sua vida? Quantas vezes pensou em sumir? Quantas vezes, desde criança, imaginou aquela cena que estava prestes a acontecer?
Por pensar nos outros havia desistido...
Talvez por ela... apenas por ela...
Mas agora, qual o sentido em continuar?
Não sabia o que o aguardava...
Deus?
Sempre acreditara...
Milagres?
Ele havia sido um milagre...
Mesmo assim havia decidido...
Apenas a imagem dela o tinha prendido das outras vezes...
Mas agora era diferente...
Não sabia o que aconteceria...
Apenas sabia que o momento era aquele...
Estava tranqüilo...
Escreveu “mais um último” bilhete...
Não dizia adeus, apenas até logo...
Sabia que ela sofreria...
Não queria que mais ninguém sofresse...
Mas a decisão havia sido tomada...

Pegou então suas malas e foi embora pra sempre de casa e daquela cidade...

[...]